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A sensação de assistir ao Savatage ao vivo, depois de mais de duas décadas de silêncio, é algo difícil de traduzir em palavras. E não apenas pelo peso histórico, mas pela forma como esse retorno aconteceu. No Allianz Parque, em São Paulo, o grupo norte-americano fez sua estreia na primeira turnê oficial desde o hiato iniciado em 2002. O show fez parte da edição comemorativa de 30 anos do Monsters of Rock e, com justiça, se transformou num dos momentos mais falados do festival.

Savatage faz retorno triunfal e emociona no Monsters of Rock | Foto: Renan Faciolo
Savatage faz retorno triunfal e emociona no Monsters of Rock | Foto: Renan Faciolo

Era quase pontual o horário marcado quando os músicos entraram em cena. Um atraso tão discreto que beirou o simbólico. “The Ocean”, instrumental de abertura do disco “The Wake of Magellan”, de 1997, não veio de um playback. Foi tocada ali, com todos os músicos no palco, numa execução precisa que já deixava claro o tipo de apresentação que estava por vir. O Savatage não retornou para repetir fórmulas. Voltou com o mesmo nível de exigência que moldou, anos depois, o que viria a ser o Trans-Siberian Orchestra. E esse padrão de qualidade foi mantido ao longo de todo o espetáculo.

O peso emocional dessa apresentação era evidente. Desde que a banda entrou naquele hiato silencioso, em 2002, o que se viu foram raros momentos públicos. Em 2003, uma homenagem à memória de Criss Oliva. Em 2015, a grandiosa aparição dividindo palco com o próprio Trans-Siberian Orchestra no Wacken Open Air. Mas o que o público brasileiro viu desta vez foi um reencontro legítimo, com todos os integrantes no palco, os instrumentos ao vivo, sem nenhum artifício para preencher o som. Era o Savatage como sempre deveria ser: cru, intenso, épico.

Talvez não seja exagero dizer que nenhuma outra banda que passou por essa edição do Monsters tenha provocado uma comoção internacional comparável. O anúncio da volta ao Brasil repercutiu entre fãs do mundo todo. É compreensível. O Savatage nunca teve o reconhecimento popular que merecia, mas cultivou uma base devotada de seguidores que nunca deixou de esperar por esse momento. E quem esteve no Allianz Parque sentiu o tamanho dessa espera.

Ver o grupo em ação foi reviver uma trajetória construída entre a teatralidade do heavy metal progressivo e as emoções profundas de um repertório sempre carregado de intensidade. Era mais do que um show. Parecia uma espécie de catarse coletiva, entre músicos que têm muito a dizer e um público disposto a ouvir cada nota como se fosse a última. O palco, sem truques nem exageros, ofereceu o suficiente: músicos afiados, execução impecável e uma entrega que não parecia de uma banda voltando de um hiato, mas de um grupo que nunca parou.

O Savatage deixou o Allianz com uma marca difícil de ser apagada. Mostrou que o tempo não desgastou sua força, apenas amadureceu sua identidade. E provou que certos retornos são mais do que possíveis. São necessários.

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