Em uma quinta-feira abafada, o Cine Joia virou um caldeirão fervente de suor, riffs cortantes e atitude punk. O motivo? O primeiro show solo do Amyl And The Sniffers no Brasil. Os australianos liderados pela magnética Amy Taylor provaram, sem concessões, por que são um dos nomes mais quentes do punk.

A noite começou com a banda carioca Klitoria, um petardo de garage rock liderado por mulheres. A vocalista e baterista Malu, gritando e esmagando as baquetas ao mesmo tempo, incendiou o palco com sua presença crua e indomável. Se alguém ainda duvidava do poder das bandas independentes brasileiras, essa dúvida morreu ali.
Mas o que veio depois foi um atropelamento sonoro. Quando Amy Taylor pisou no palco, foi como se uma tempestade elétrica tivesse sido acionada. Com um visual que mistura glamour decadente e selvageria pura, ela já chegou rasgando com “Control” e “Freaks to the Front”, transformando o Cine Joia em um campo de batalha de mosh pits e crowdsurfing alucinado.
O setlist passeou por toda a discografia da banda, equilibrando porradas do novo disco “Cartoon Darkness” com clássicos dos álbuns anteriores. “Security” e “Maggot” foram recebidas com uma fúria quase religiosa pelo público, enquanto “Got You” serviu como hino para as mulheres presentes, reafirmando a energia feminista e combativa do show.
E Amy? Amy foi um furacão. Correndo pelo palco, encarando a plateia com olhos faiscantes e uma expressão de pura provocação, ela interagiu o tempo todo com os fãs. Pediu palavrões em português, xingou Trump, Musk e Putin sem hesitar e, claro, fez piada com tudo isso. A sensação era de estar assistindo a um show dos Ramones nos anos 70, mas com uma energia caótica e desbocada que pertence só a ela.
Na reta final, “Big Dreams” e “U Should Not Be Doing That” mantiveram a adrenalina no teto, e o bis veio com “Balaclava Lover Boogie” e “Facts”, garantindo que ninguém saísse dali sem sentir os pulmões queimando.
Amyl And The Sniffers entregou um show sujo, urgente e irrefreável, um tapa na cara para quem ainda acredita que o punk perdeu sua essência. O Cine Joia testemunhou história sendo feita, e quem estava lá sabe que presenciou algo lendário.