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Chrissie Hynde e sua banda oferecem uma performance magistral, entre clássicos imortais e a sólida abertura do músico gaúcho Nei Van Soria, em uma noite que celebra a história do rock.

O Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, vestiu-se de gala na noite de quarta-feira para receber uma verdadeira instituição do rock: The Pretenders. Liderada pela inoxidável Chrissie Hynde, a banda presenteou o numeroso público gaúcho com uma performance que atravessou mais de quarenta anos de uma carreira repleta de sucessos, confirmando seu status legendário. A abertura ficou a cargo do talento local Nei Van Soria, que soube criar a atmosfera ideal para uma noite inesquecível.

A noite começou às 19h15 com Nei Van Soria. O artista gaúcho, acompanhado de sua banda, ofereceu ao público, que gradualmente lotava o auditório, um apreciado conjunto de “música brasileira bem tocada”. Com elegância e sentimento, Van Soria aqueceu o ambiente, apresentando canções que destacaram sua habilidade como compositor e guitarrista. Sua performance, com duração aproximada de trinta minutos, encerrou-se às 19h45, deixando o palco sob aplausos e uma atmosfera já carregada de expectativa.

Durante a troca de palco, o Auditório Araújo Vianna revelou sua imponência, lotado em todos os setores. A cenografia, caracterizada por elegantes painéis verticais brancos e um sofisticado jogo de luzes predominantemente azuis e violetas, prometia um espetáculo visualmente apurado. Às 20h15, a espera terminou: The Pretenders subiram ao palco, todos juntos, recebidos por uma ovação entusiasmada do público de Porto Alegre. Após um breve agradecimento, a banda imediatamente “começou a disparar rock”, demonstrando desde as primeiras notas sua classe inconfundível.

A sonoridade característica do grupo preencheu o auditório: o uso clássico de “palm mute” nas guitarras, o timbre icônico dos amplificadores Vox e uma presença de palco cheia de estilo e atitude rock ‘n’ roll. No centro das atenções, Chrissie Hynde, carismática e icônica, encantou com sua voz “muito bela”, aquele timbre rouco e potente que é uma marca registrada do rock amado mundialmente. A banda demonstrou grande coesão e profissionalismo, com o guitarrista James Walbourne destacando-se por seu estilo elegante (evidente também na troca de guitarra, passando para uma Fender na quarta música) e o baterista Martin Chambers ditando o ritmo com sua lendária precisão, atrás de um bumbo de bateria originalmente decorado com o logo da banda em formato de luvas de boxe.

O show fluiu com grande dinamismo, caracterizado por poucas e breves interrupções, apenas o tempo necessário para uma rápida troca de palavras com o público, deixando que a música falasse por si. Os riffs de guitarra, frequentemente protagonistas, entrelaçavam-se magistralmente com a voz de Hynde e a sólida seção rítmica, criando aquelas “vibrações” únicas que, como bem descrito, “se lançavam contra os presentes, presenteando felicidade”.

O repertório foi uma jornada emocionante através da rica discografia dos Pretenders, alternando grandes clássicos, canções do álbum “Get Close” e do mais recente “Relentless”. O público pôde ouvir pérolas como “Hate for Sale”, “Turf Accountant Daddy”, “Kid”, a célebre “My City Was Gone”, “The Buzz” (dedicada a Johnny Thunders), “Private Life”, “Boots of Chinese Plastic”, “Thumbelina”, “Talk of the Town” e o hit atemporal “Back on the Chain Gang”. A performance continuou com “Don’t Cut Your Hair”, “Junkie Walk”, “Let the Sun Come In”, a famosíssima “Don’t Get Me Wrong”, “Time the Avenger” e um emocionante cover de “Forever Young” de Bob Dylan, antes de outra descarga de energia com “Night in My Veins”. Um momento particularmente apreciado de interação ocorreu quando Chrissie Hynde perguntou ao público qual canção gostariam de ouvir e, ao pedido de “Middle of the Road”, a banda prontamente executou um de seus maiores sucessos.

Embora a crônica direta tenha se interrompido antes da conclusão oficial, o setlist recuperado indica que o espetáculo prosseguiu com uma série de bis que certamente mantiveram o entusiasmo em altíssimo nível: primeiro “Message of Love”, o cover de “Stop Your Sobbing” (The Kinks) e “Tattooed Love Boys”, para depois, presumivelmente, encerrar com a belíssima “I’ll Stand by You” e um segundo, energético bis com “Precious”.

Texto por: Alessandro Siciliano

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