Se você estava no Carioca Club, sabe bem: o ar parecia vibrar junto com cada acorde do The Devil Wears Prada. Treze anos se passaram desde a última visita da banda ao Brasil, mas a energia da plateia fez parecer que eles nunca tinham ido embora. Cada riff de guitarra, cada explosão da bateria e cada grito de Mike Hranica reverberavam como se estivéssemos dentro de um epicentro de metalcore, e a pista parecia prestes a explodir a qualquer momento.

O show começou com o Emmercia, que abriu com 30 minutos de puro impacto sonoro. O quarteto trouxe guitarras afiadas e vocais em português que se destacaram pela clareza no palco, permitindo que o público se envolvesse imediatamente, cantando junto e embalando a atmosfera antes da chegada da atração principal. A produção acertou em cheio no som, equilibrando potência e definição, criando a base perfeita para a energia que viria a seguir.
Quando o Devil Wears Prada finalmente subiu ao palco, com apenas dois minutos de atraso, o clima explodiu. O início com “Watchtower” foi o primeiro sopro de caos controlado, e a plateia respondeu com rodopios, palmas e vocais afinados com Mike Hranica, que conduziu o público como um maestro de mosh pits. A medida que o show avançava, as rodas ficaram mais intensas, calor e suor se misturando à força da banda, e cada música ganhou corpo próprio dentro de uma sequência quase cinematográfica de explosões sonoras.

A performance de “Danger: Wildman” se destacou pelo peso emocional. A faixa, homenagem ao baterista Daniel Williams, trouxe uma energia que transformou a pista em um epicentro de emoção e movimento. Hranica manteve o controle absoluto, conduzindo palmas e vocais enquanto o público respondia a cada comando. A sequência com “Salt” e “Broken” manteve o ímpeto, com a plateia obedecendo a cada ordem de subir o nível e formar mosh pits gigantes, criando momentos de tensão e catarse.
Na reta final, “Escape” trouxe a crueza que caracteriza a banda, destacando baterias e guitarras em uma exibição de técnica e intensidade. A participação de Sam Reynolds, do Dying Wish, acrescentou textura aos vocais, tornando o momento ainda mais memorável. Cada detalhe do som, das distorções às partes limpas, foi captado com clareza, provando que a produção conseguiu equilibrar agressividade e definição sem perder força.
Durante o show, a banda também anunciou o próximo álbum, “Flowers”, previsto para 14 de novembro via Solid State Records. Com singles já liberados, como “Where The Flowers Never Grow” e “Wave”, e o curta-metragem “That Same Place Where the Flowers Never Grow”, o grupo projeta um mergulho profundo nos altos e baixos da vida, explorando emoções humanas e os cantos escuros da mente. Jeremy DePoyster, guitarrista e responsável pelos vocais limpos, descreve o novo trabalho como um confronto com o vazio e uma tentativa de oferecer conexão a quem se sente perdido.

O retorno do The Devil Wears Prada confirma a vitalidade do metalcore e sua capacidade de se reinventar. Com uma produção impecável, energia contagiante e uma plateia que correspondeu em intensidade, o show se consolidou como um marco, unindo fãs antigos e novos em um espetáculo que reafirma a potência da cena. O setlist, que passeou por clássicos e novidades, mostrou que a banda mantém viva sua relevância, enquanto prepara o terreno para a nova fase com “Flowers”.