Foi uma noite que não deixou espaço para respiro. Com a primeira apresentação do Slipknot no Brasil com o fenômeno Eloy Casagrande nas baquetas, o Knotfest 2024 já pode ser cravado na história. Uma banda icônica, recebida pelo público brasileiro com o tipo de devoção que transcende qualquer limite, encontrou sua nova identidade nessa fusão explosiva entre o Slipknot e o baterista brasileiro.
Desde o primeiro acorde de “(sic)” até o último grito em “’Til We Die,” o Slipknot não deu tréguas. A setlist foi cirúrgica, um massacre sonoro que levou o público ao delírio. Quem estava lá sabia: não era um show qualquer, era um espetáculo moldado para o Brasil. Quando uma banda desse porte entra em um palco, com uma lenda nacional na bateria, você sente algo diferente no ar. E cada música parecia reforçar essa ligação: o Slipknot não veio apenas para tocar. Eles vieram para nos oferecer um tributo. “Eyeless,” “Wait and Bleed” e “Psychosocial” soaram como hinos, e cada mosh pit era uma dança sincronizada entre caos e paixão.
Não tem como não exaltar e destacar a presença de Eloy Casagrande. A cada vez que surgia nos telões do Allianz Parque, o estádio rugia em uníssono: “Eloy, Eloy, Eloy”. É o tipo de momento que transforma um show em algo imortal. É fácil imaginar o orgulho que passou pela mente de cada fã brasileiro: um dos nossos, comandando a bateria da maior banda de metal do planeta, no palco de um dos maiores festivais de metal. É mais que simbólico, é épico. A química entre Casagrande e o Slipknot é inexplicável, parece que sempre esteve na banda, sua precisão implacável e sua intensidade brutal elevaram a performance da banda a novos patamares. Um novo capítulo da história da banda foi escrito ali, diante de nossos olhos, e todos sabiam que estávamos testemunhando algo lendário.
Não importa quantas vezes o Slipknot tenha pisado em um palco brasileiro, há algo diferente no ar sempre que eles retornam. O público daqui tem um calor, uma ferocidade que ressoa com a essência da banda. Cada faixa foi uma explosão de energia pura. “Before I Forget,” “The Heretic Anthem,” “Custer” — a cada música, o chão parecia se mover junto com o público. Mosh pits gigantescos, gritos ensurdecedores, e uma sincronia impressionante entre banda e fãs. A banda entregou tudo com aquela precisão cirúrgica que a caracteriza: é um caos absolutamente controlado, onde cada grito, cada batida de bateria, cada riff brutal parece encaixar perfeitamente.
O ápice emocional, claro, foi a homenagem não verbal ao baterista brasileiro. Cada vez que Eloy aparecia no telão, o público respondia com gritos emocionados. Não houve necessidade de grandes discursos; o grito espontâneo de “Eloy, Eloy, Eloy” tomou conta de todos, conectando a banda a seus fãs de uma forma que transcende o simples fato de assistir a um show. Era como se, por um momento, toda a trajetória do Slipknot e do próprio Eloy convergissem naquele instante, criando uma atmosfera que beirava o transcendente.
Quando o show chegou ao fim, com “Duality” e “Spit It Out” rasgando os ares de São Paulo, o público já estava em transe. Mas foi com “Surfacing” e “’Til We Die” que a banda cravou sua marca definitiva naquela noite. O Slipknot, com sua performance crua e visceral, mais uma vez provou por que é uma das maiores bandas de metal do mundo. Mas o Knotfest 2024 será lembrado, acima de tudo, por ser o palco onde o Brasil e o Slipknot se uniram de uma maneira que vai além da música. É sobre identidade, sobre pertencer a algo maior.