Posts Relacionados

O Spiritbox lança seu segundo álbum de estúdio, Tsunami Sea, em 7 de março de 2025, pela Pale Chord e Rise Records. Após o sucesso de Eternal Blue (2021), a banda canadense retorna com uma obra que mescla guitarras pesadas e sintetizadores modernos, consolidando sua identidade sonora.

O álbum abre com “Fata Morgana”, uma faixa caótica que envolve o ouvinte em uma avalanche sonora, preparando o terreno para uma experiência intensa. Em seguida, “Black Rainbow” surge como a faixa mais experimental do disco, com uma pegada sintética e vocais trabalhados eletronicamente, quase robóticos, onde Courtney LaPlante transmite uma modernidade única. A música ainda conta com um breakdown de fundo instrumental grandioso, quase catedralesco, que eleva a atmosfera.

E é nesse contexto que “Perfect Soul” se destaca, mergulhando em temas profundos de dor e superação. Com uma melodia mais calma e doce, ouvimos a voz “clean” da vocalista Courney LaPlante que demonstra uma sensação mais conectada a tristeza do personagem. Em “Keep Sweet” quando Courtney LaPlante descreveu essa música como “uma forma poderosa de fazer alguém que não é uma mulher entender como é se colocar no lugar de uma”, eu já sabia que essa faixa seria especial. E ela não apenas atendeu às expectativas, mas as superou. Logo na primeira escuta, eu estava tão imerso que, sem perceber, senti lágrimas surgindo nos meus olhos. A música captura de maneira visceral a pressão e a dor de ter que se manter “doce” para se manter segura, como sugere a linha “I keep sweet to keep safe”. Essa frase, em particular, ecoa a realidade de muitas mulheres que precisam reprimir suas verdadeiras emoções para evitar conflitos ou perigos.

Foto por: Jonathan Weiner

“Soft Spine”, um dos singles, destaca-se pela crítica aos haters da banda e pessoais da vocalista Courtney, combinando versos agressivos com um refrão pesado. A vocalista LaPlante e diversas ocasiões “ofereceu” a música como “essa vai para pessoas que eu odeio”. O single e titulo do álbum “Tsunami Sea”, equilibra momentos de calmaria melódica com tempestades instrumentais, exemplificando a versatilidade da banda. A música também pode ser vista como uma representação da luta interna com memórias de depressão, algo que Courtney LaPlante destacou em sua entrevista à NME ao falar sobre suas próprias batalhas com a saúde mental. O nome “Tsunami Sea” simboliza o que ela descreveu como suas “lágrimas” — um oceano inteiramente formado por tsunamis emocionais. Essa imagem poderosa captura a intensidade e a devastação desses momentos, onde as ondas de dor parecem insuperáveis, mas também refletem a força necessária para enfrentá-las.

Em “A Haven With Two Faces” a banda busco acolhimento e uma forma de fugir e se esconder. A ideia de um “esconderijo” sob a montanha, flutuando no mar, sugere um lugar seguro e íntimo, talvez uma metáfora para um estado mental ou emocional. A ilha que foi “lavada por um riacho temporário” pode representar algo precioso que foi perdido, mas com a esperança de que ainda possa ser recuperado. em “No Love, No Loss”, uma das mais pesadas do disco, com uma pegada mais hardcore e notas graves no baixo de Josh Gilbert e uma qualidade já esperada do guitarrista Mike Stringer, onde podemos ver o completo alcance das qualidades da banda. A música retrata uma jornada emocional intensa, onde o narrador luta contra forças internas e externas que o levam a um estado de desespero e clareza ao mesmo tempo. A ilha que “mostra seus dentes” pode representar a realização de que o que parecia um refúgio é, na verdade, uma armadilha.

Com “Crystal Roses” a banda acabou causando um certo desconforto na produtora, onde a vocalista Courtney batalhou pela retirada de um lançamento sem permissão da banda. Musicalmente, é a canção mais pop/eletrônica e suave de todo o álbum, contando com quase nenhuma guitarra e bateria, a música explora uma mundo mais experimental na realidade da banda. A luta entre o desejo de encontrar algo significativo e a realização de que esse algo pode ser ilusório ou até mesmo prejudicial. A sereia, as rosas de cristal e o oleandro são símbolos de atração e perigo, refletindo a complexidade das emoções humanas e a dificuldade de escapar de ciclos emocionais.

Dissecando por “Rise The Wave”, uma música mais rock e menos metal, com uma progressão natural e simpática até pras pessoas menos roqueiras. A canção aqui parece retratar a luta de alguém que está preso entre a necessidade de se conectar e o medo de se expor. As metáforas de ilhas, ondas e sereias mostram uma jornada emocional turbulenta, onde a beleza e o perigo coexistem. O narrador tenta se convencer de que suas palavras e sentimentos são “para outra pessoa”. Pra finalizar um dos melhores disco do ano, a banda entrega “Deep End” que segue numa pegada mais próxima a música anterior, tratando de uma exploração profunda de devoção, desespero e a luta para se libertar de um amor ou conexão tóxica. Apesar da clareza alcançada (“ilha com vista clara”), o narrador ainda luta para se libertar, mostrando como o apego emocional pode ser tanto uma âncora quanto uma onda que arrasta para o fundo. Essa letra é uma obra-prima de poesia sombria, cheia de camadas e significados, e a maneira como Spiritbox combina letras profundas com instrumentais intensos só amplifica seu impacto emocional.

A recepção ao álbum tem sido excelente, com fãs e críticos elogiando a evolução sonora do Spiritbox. Muitos consideram Tsunami Sea um forte candidato a álbum do ano, destacando a capacidade da banda em inovar sem perder sua essência. Em comparação a Eternal Blue, este trabalho não deixa nada a desejar, mostrando uma maturidade artística significativa.

Pessoalmente, considero Tsunami Sea uma obra-prima contemporânea. As faixas “Tsunami Sea” e “A Haven with Two Faces” são particularmente marcantes, evidenciando a habilidade do Spiritbox em equilibrar peso e melodia de forma magistral.

Faixa a Faixa:

  1. Fata Morgana – Uma abertura avassaladora, combinando riffs pesados e vocais intensos que mergulham o ouvinte na atmosfera do álbum. Nota: 9/10
  2. Black Rainbow – Uma das faixas mais experimentais do disco, com vocais eletrônicos e um instrumental grandioso que cria uma ambientação única. Nota: 8.5/10
  3. Perfect Soul – Uma melodia mais delicada e introspectiva, trazendo uma performance emocional e tocante de Courtney LaPlante. Nota: 8/10
  4. Keep Sweet – Uma faixa carregada de emoção, transmitindo de forma visceral a pressão e a dor de precisar manter a aparência para se sentir segura. Nota: 8/10
  5. Soft Spine – Uma resposta direta aos haters da banda, misturando versos ferozes com um refrão impactante e cheio de atitude. Nota: 9/10
  6. Tsunami Sea – A essência do álbum em forma de música, transitando entre momentos de calmaria e tempestades sonoras, refletindo a luta interna contra a depressão. Nota: 9.5/10
  7. A Haven with Two Faces – Uma jornada melancólica e imersiva, explorando o conceito de refúgio e perda com uma construção instrumental profunda. Nota: 9/10
  8. No Loss, No Love – Uma das faixas mais agressiva do álbum, com uma pegada hardcore e peso na medida certa, trazendo guitarras intensas e baixo marcante. Nota: 7/10
  9. Crystal Roses – A aposta mais eletrônica do disco, explorando um lado mais experimental, mas sem a mesma intensidade de outras faixas. Nota: 6.5/10
  10. Ride the Wave – Uma faixa com influência mais rock, acessível até para quem não é tão fã do peso característico da banda. Nota: 7.5/10
  11. Deep End – Encerrando o álbum de forma intensa, a faixa traz uma mistura de melancolia e potência, refletindo apego emocional e libertação. Nota: 8/10

Média Final: 8.1/10

Facebook

Posts Relacionados