O Linkin Park iniciou sua turnê “From Zero” em São Paulo, com um show memorável no Allianz Parque na sexta-feira, 15 de novembro. A apresentação, que marcou o lançamento do álbum reafirmou a relevância da banda no cenário do rock, unindo potência sonora, inovação e respeito às suas origens. Com um público de 46 mil pessoas, a noite foi uma celebração ao passado e ao presente, evidenciando como o Linkin Park se mantém como um dos pilares do gênero em tempos de constantes transformações.
A presença da nova vocalista Emily Armstrong e do baterista Colin Brittain trouxe fôlego renovado à banda, sem apagar a sombra do legado de Chester Bennington. A perda do vocalista em 2017 deixou um vazio não apenas no Linkin Park, mas em toda a cena musical. Chester era mais do que uma voz: ele representava uma geração que encontrou nas letras da banda um espelho para suas dores e angústias. Ao executar “Lost” – uma música gravada na era Meteora e lançada no álbum comemorativo de 20 anos com a voz de Chester ecoando nas projeções, o grupo entregou um dos momentos mais emocionantes da noite. A letra, que ressoa como um desabafo, ganhou contornos ainda mais pungentes ao vivo, reafirmando a impossibilidade de separar a história do Linkin Park do impacto de Chester no mundo do rock.
Apesar da ausência de Chester, o Linkin Park fez uma escolha corajosa ao seguir em frente. Ao incluir Emily no line-up, o grupo mostrou que o respeito ao legado não significa estagnação. Emily trouxe uma energia visceral e autenticidade que evitaram qualquer sensação de substituição forçada. Ela é uma adição que complementa o espírito da banda, especialmente em músicas como “Faint”, onde sua entrega intensa ampliou a potência da faixa.
Mike Shinoda, sempre um pilar criativo da banda, também brilhou na apresentação. Além de sua presença marcante, ele conectou passado e presente ao incluir “Remember The Name”, de seu projeto Fort Minor, no setlist. Foi um lembrete de que o Linkin Park nunca foi apenas uma banda, mas um coletivo criativo que transcende gêneros e redefine fronteiras.
O cenário do rock tem enfrentado desafios nos últimos anos, com um número cada vez menor de bandas atingindo o mainstream. Nesse contexto, o Linkin Park desempenha um papel fundamental: mantém a relevância do gênero, enquanto explora novos territórios sonoros. O álbum “From Zero” reflete essa busca por inovação sem abandonar as raízes, um equilíbrio que poucas bandas conseguem alcançar.
A grandiosidade do show também esteve presente nas projeções visuais e na produção de palco, que mostraram o cuidado em oferecer uma experiência completa. A transmissão ao vivo, com sinal aberto para o mundo, reforçou o compromisso da banda em manter o rock acessível a um público global, algo raro em tempos de exclusividades e paywalls.
Ao longo da apresentação, ficou claro que o Linkin Park ainda tem muito a dizer. Mais do que celebrar o passado, a banda constrói um futuro para o rock, em uma indústria que muitas vezes prioriza efemeridades. Chester Bennington será sempre uma figura central na narrativa da banda, mas a decisão de seguir em frente, com respeito e ousadia, mostra que seu legado não se limita à memória: ele vive no impacto contínuo do Linkin Park na música e nos fãs.
Em tempos de incertezas no gênero, shows como esse são lembretes de que o rock está longe de morrer ele apenas se transforma.