Ygor Monroe 
Chris Wescley 
Lenny Kravitz subiu ao palco no último sábado (23) em São Paulo, para entregar uma performance que destacou sua relevância na música e reafirmou seu domínio absoluto como artista e showman. A apresentação da Blue Electric Light Tour foi marcada por um rigor técnico impressionante, evidenciado em cada detalhe da produção sonora e na interação impecável entre os músicos no palco.
Três artistas abriram a noite com performances que deram ao evento um tom diverso. Liniker, com sua entrega emocional e potência vocal, destacou-se ao apresentar faixas de seu disco mais recente, criando uma conexão genuína com o público. Já Lianne La Havas encantou com sua sofisticação e sensibilidade, cativando os presentes com uma apresentação impecável. Frejat, mesmo enfrentando o imprevisto corte de som durante “Pro Dia Nascer Feliz”, teve o apoio caloroso da plateia, que concluiu a música em coro.
Quando Kravitz finalmente tomou o palco, o clima já estava preparado, mas ele conseguiu elevar ainda mais a atmosfera do Allianz Parque. A construção do espetáculo demonstrou um equilíbrio perfeito entre potência e sutileza. Os arranjos instrumentais exploraram nuances que iam desde texturas densas, sustentadas pela precisão da seção rítmica, até momentos introspectivos, onde cada acorde parecia cuidadosamente posicionado. O som, calibrado para preencher cada espaço do estádio, foi um dos pontos altos da noite, permitindo que as dinâmicas fossem plenamente sentidas.
O guitarrista Craig Ross, presença constante nas turnês de Kravitz, impressionou pela habilidade em criar camadas sonoras que dialogavam com os vocais e a energia da banda. Seus solos nunca soavam redundantes, funcionando como verdadeiras narrativas dentro das músicas. A interação entre os instrumentos revelou uma sinergia que só se alcança com músicos experientes e uma direção artística sólida.
No palco, Kravitz exalava confiança e uma energia que crescia a cada momento, criando uma atmosfera quase elétrica no Allianz. O público, inicialmente mais contido, foi gradualmente absorvido pela intensidade do show, com a vibração atingindo o ápice na reta final, onde cada execução parecia carregar ainda mais força e entrega. Sua performance vocal, sempre precisa, também impressionou pela capacidade de transitar entre tons mais agressivos e momentos de maior suavidade sem esforço aparente.
Reconhecido como um dos artistas mais influentes de sua geração, Kravitz demonstrou mais uma vez por que sua música continua reverberando. Sua habilidade de transitar entre diferentes gêneros e sua dedicação ao perfeccionismo técnico não apenas o mantêm atual, mas o elevam a um patamar de atemporalidade. A energia emanada do palco não deixou dúvidas: foi um espetáculo desenhado para ser inesquecível.
