Ben Christo fala sobre identidade, fãs e expectativa para o retorno do The Sisters of Mercy à América Latina

The Sisters of Mercy está de volta à América Latina. A banda inglesa, um dos pilares do rock sombrio dos anos 80 e 90, anunciou uma nova turnê pela região que passa por México, Argentina, Chile e chega ao Brasil no dia 26 de setembro, em São Paulo, com apresentação única no Tokio Marine Hall. Os ingressos já estão disponíveis no site da Ticketmaster.

Ben Christo fala sobre identidade, fãs e expectativa para o retorno do The Sisters of Mercy à América Latina
Ben Christo fala sobre identidade, fãs e expectativa para o retorno do The Sisters of Mercy à América Latina

O grupo retorna pela oitava vez ao país, reforçando uma conexão que começou em 1990 e segue firme até hoje. Sob o comando de Andrew Eldritch e acompanhado por Ben Christo, Kai e Chris Catalyst, o The Sisters of Mercy nunca deixou de alimentar seu público com performances intensas, canções inéditas nos palcos e uma estética que ainda provoca e inspira novas gerações.

Em conversa com a Todo Dia Um Rock, o guitarrista Ben Christo falou sobre a essência da banda, a relação com os fãs e a expectativa para o reencontro com o público brasileiro. Logo de início, deixou claro como o grupo enxerga sua identidade: “Nós não nos consideramos uma banda gótica. Nós nos consideramos uma banda pós-punk, uma banda industrial, uma banda de rock, uma banda pop. E eu acho que uma das principais diferenças, pelo menos da minha perspectiva, é que a música gótica muitas vezes é um pouco boba em termos de Halloween, abóboras, morcegos e bruxas, o que definitivamente não faz parte da estética da banda. Nós somos uma banda que tem uma missão séria de escrever músicas significativas e fortalecedoras. E a música gótica também pode ser um pouco triste e deprimente, o que novamente não é o Sisters of Mercy. Nós somos uma banda poderosa e energizante. Sempre senti que, quando penso no Sisters of Mercy, a imagem e a identidade que me vêm é vestir sua jaqueta de couro e andar pela rua se sentindo bem, se sentindo forte, sentindo que faz parte de algo enquanto ouve Lucretia, ou qualquer outra. Para mim, crescendo ouvindo The Sisters of Mercy e até hoje, é isso que a banda significa para mim.”

Essa força também se manifesta na diversidade da plateia. Para Christo, o impacto da banda está na amplitude do público que conquista: “É ótimo tocar para três gerações diferentes de fãs. Olhamos para a plateia e há pessoas de 18 anos até pessoas com 60 anos. E é incrível ter essa diversidade de idades e também de subgêneros. Outra coisa que eu adoro no público que temos é que não são só metaleiros, ou fãs de hard rock, ou fãs de pós-punk, ou o que for. É uma mistura completa de todos esses subgêneros, incluindo caras e garotas que gostavam da banda quando estavam crescendo e agora são adultos de 50 ou 60 anos, mas ainda vêm ao show porque têm uma memória ligada à banda que os faz se sentir especiais e seguros. Acho isso realmente muito bom. E os ouvintes mais jovens, na verdade, estão muito atentos, talvez até mais atentos, às músicas novas, ainda não gravadas, do que alguns dos fãs mais velhos. Então eles vão lá e aprendem todo o catálogo clássico gravado, mas eu olho para a plateia e vejo pessoas cantando But Genevieve, At the Beach, On the Beach, Don’t Drive on Ice, e penso: como eles sabem as letras? E um jovem fã me contou que, quando vai andando para a universidade, ele criou uma playlist das músicas no YouTube, de vídeos ao vivo, e ouve assim, aprendendo dessa forma. Porque a qualidade dos celulares hoje é tão boa que você consegue realmente ter uma experiência agradável ouvindo essas músicas.”

A dedicação dos fãs cria um elo que vai além dos shows. O guitarrista descreve esse vínculo como uma verdadeira comunidade: “Acho que isso é um ponto interessante, e vemos fãs aparecendo show após show após show. Há pessoas que vêm ver a banda há mais tempo do que eu estou na banda, e eu reconheço essas pessoas na primeira fila. Acho que existe um elemento de comunidade em que esses fãs de longa data, ao longo dos anos, vão trazendo mais e mais fãs, e acabam organizando quase umas férias baseadas em ver vários shows do Sisters. Acho isso um grande elogio, que essas pessoas gastem seu tempo e dinheiro, suas férias e seu esforço para vir ver a banda e viver essa comunidade que têm com os fãs que conheceram, fãs com a mesma mentalidade que encontraram ao longo do caminho. Acho que isso é uma coisa bonita que a música pode fazer, criar comunidade assim.”

A expectativa para a América Latina em 2025 está alta, e Ben acredita que os shows terão uma energia especial: “Acho que em 2025, se for parecido com as nossas viagens anteriores, vamos encontrar fãs extremamente apaixonados, extremamente leais, de todas as idades, que vão enlouquecer quando começarmos a tocar. E é uma sensação tão bonita essa euforia que os fãs da América Latina demonstram. É algo quase palpável em termos da energia que trazem. E quando você me pergunta sobre músicas específicas que tocamos, eu noto que Marianne, a música Marianne, tem um grande impacto com as pessoas. Muitos fãs da América Latina já me disseram que deram esse nome às suas filhas ou até mesmo que receberam esse nome por causa da música Marianne. Não sei exatamente o que é nessa música que gera tanta conexão com as pessoas na América Latina, mas realmente parece ter causado um grande impacto, um impacto muito grande. Então vamos ver o que acontece. Mas sim, estou esperando que seja absolutamente brilhante. Nós adoramos ir aí. Nós amamos a energia, amamos o entusiasmo e a paixão.”

Com bom humor, ele até brincou com o calor brasileiro e deu dicas de estilo para quem insiste em usar preto nos shows: “Nós gostamos mesmo de usar preto. Não é um visual gótico, é mais uma pegada Ramones, rock and roll, jaquetas de couro e botas. Mas você tem razão, o que fazer no calor insano da América Latina? Muitas vezes pensei: como os fãs aguentam, os fãs que vivem aí o tempo todo, comprometidos em usar roupas escuras? É realmente impressionante. Alguma dica? Acho que existem formas de usar preto. Você também pode usar branco, que pode ser muito legal se combinado com preto. Imagine jeans pretos, botas pretas, mas uma camiseta ou regata branca. Para mim, esse é um visual muito legal. A estética pode ser mais alternativa e ainda ter aqueles elementos do rock, como cintos com tachas, pulseiras legais, colares e coisas assim. Mas eu nunca fui fã de shorts. Uma dica que eu daria é: se você estiver usando jeans pretos, não tenha medo de rasgar alguns buracos nos joelhos ou nas pernas da calça, para criar uma espécie de ar-condicionado. Então sim, use um pouco de branco, faça um ar-condicionado improvisado, isso pode ajudar. E também simplesmente não saia no meio do dia, o que eu entendi que a população de países quentes já tem como sabedoria, ao contrário de nós, visitantes, que vamos para fora a qualquer hora.”

Entre memórias, gerações conectadas e a promessa de noites intensas, o The Sisters of Mercy reafirma sua posição como uma das bandas mais cultuadas do rock alternativo. Para os brasileiros, a contagem regressiva já começou, e a noite de 26 de setembro promete ser um daqueles encontros que ficam marcados para sempre.

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