Desde o surgimento do metal nas décadas de 1960 e 1970, o gênero tem sido alvo de preconceito e subestimação pela mídia mainstream. Em vez de reconhecer sua complexidade musical, inovação e impacto cultural, o metal frequentemente foi retratado de forma negativa, sendo associado a estereótipos como “barulho”, “agressividade” e “comportamento marginal”. O incidente recente com o Avenged Sevenfold no Rock in Rio 2024 é apenas mais um exemplo de como o preconceito com o metal ainda está enraizado, mesmo em grandes festivais globais.
As raízes do preconceito contra o Metal
O preconceito contra o metal não é novo. Nos anos 70, quando bandas como Black Sabbath e Led Zeppelin emergiram como pioneiras do gênero, a mídia tratava o estilo com desconfiança e, muitas vezes, com hostilidade. O som pesado, as temáticas obscuras e a estética rebelde causavam estranhamento. O metal era frequentemente associado a comportamentos antissociais, e a mídia ajudava a reforçar essa imagem, ignorando o lado artístico e as inovações que essas bandas traziam para o cenário musical.
Nos anos 80, com a ascensão do thrash metal e a popularização do heavy metal tradicional, essa resistência aumentou. Bandas como Metallica, Slayer e Iron Maiden foram criticadas por serem “ruidosas” ou “violentas”, enquanto seus concertos atraíam multidões em arenas ao redor do mundo. Em vez de reconhecer o sucesso e a dedicação dos fãs, a mídia mainstream muitas vezes preferia focar nos aspectos mais polêmicos, como as letras sombrias ou a estética agressiva.
O Avenged Sevenfold e o Metal no Rock in Rio 2024
O caso mais recente de preconceito ocorreu com o Avenged Sevenfold no Rock in Rio 2024. Durante o festival, críticas injustas e desinformadas surgiram na mídia, dizendo que a banda “não tem fãs” e que sua apresentação foi uma “cópia ruim do Iron Maiden”. Esse tipo de comentário reflete uma falta de compreensão sobre a história do metal e uma tendência de reduzir o gênero a comparações rasas com bandas consagradas.
Embora o Avenged Sevenfold tenha sido mencionado, o incidente não é um caso isolado. Diversas bandas de metal, grandes ou pequenas, enfrentam regularmente essa falta de reconhecimento pela mídia, que muitas vezes desconsidera o impacto dessas bandas sobre seu público e a originalidade de suas criações. A reação dos fãs, tanto presencialmente quanto online, é um lembrete de que a comunidade metal é forte e leal, mesmo quando a mídia escolhe ignorar ou menosprezar seu valor.
A resiliência do Metal e o futuro do gênero
Apesar de todo o preconceito, o metal segue firme como um dos gêneros mais resilientes e adaptáveis da música. Ao longo das décadas, o gênero não apenas sobreviveu, mas se expandiu, gerando uma infinidade de subgêneros que misturam elementos de música clássica, eletrônica, jazz e até pop, sempre inovando. Bandas como Tool, Gojira e Slipknot são exemplos de grupos que empurram os limites do metal, sem abandonar suas raízes.
Embora a mídia tradicional muitas vezes tenha ignorado ou deturpado o metal, a chegada das redes sociais e plataformas de streaming deu às bandas e aos fãs um poder de voz sem precedentes. Agora, o público metalhead pode se organizar, divulgar suas bandas favoritas e construir narrativas longe do controle da grande mídia.
Assim como o Avenged Sevenfold no Rock in Rio, o metal continuará a ser subestimado por alguns, mas isso apenas reforça a lealdade de seus fãs e o desejo de defender seu espaço. O metal não depende da aceitação da mídia mainstream, pois sua força vem diretamente de uma comunidade apaixonada e global que sempre se unirá para manter viva a chama desse gênero tão autêntico e transformador.
O cenário de inovação e crescimento do metal no Brasil
Nos últimos anos, novos festivais de metal têm surgido e conquistado espaço, frequentemente à margem da cobertura da mídia mainstream. Eventos como o Knotfest Brasil, Bangers Open Air, I Wanna Be Tour, Monsters of Rock e o Nex GEN Fest do Bring Me the Horizon têm se destacado, reunindo fãs e bandas em experiências que celebram a diversidade e a inovação dentro do gênero. Esses festivais não apenas promovem bandas consagradas, mas também dão visibilidade a artistas emergentes, criando uma plataforma vibrante para a cena metal.
A ausência de cobertura significativa pela mídia tradicional torna ainda mais impressionante o crescimento e o sucesso desses eventos. Os fãs estão se mobilizando em torno dessas iniciativas, demonstrando que a paixão pelo metal é mais forte do que qualquer preconceito ou desinteresse dos grandes veículos. Isso reflete uma nova era, onde os próprios fãs, organizadores e músicos estão moldando o futuro do metal, criando espaços de celebração e comunidade sem depender da validação da mídia mainstream.